Boa
tarde pessoal.
Escrevo sobre o primeiro texto da nossa disciplina, extraído
do livro: RODRIGUES, Aroldo. Psicologia social para
principiantes: Estudo da interação humana. Petrópolis:
Editora Vozes Ltda., 1992. 120 p. Utilizamos apenas quatro capítulos da obra em
nossa primeira aula, respectivamente os capítulos 2, 3, 4 e 8. Sendo assim,
esboçarei o tema central de cada capitulo, mostrando seus principais tópicos e
fundamentações.
Capitulo
2: Como conhecemos as pessoas com as quais interagimos?
O autor inicia o capitulo com um diálogo, a fim de
provocar-nos com uma série de indagações sobre
as possíveis causas, ou não, para uma interação social, além de
mostrar como podem ser as primeiras impressões que se possa ter de
alguém. Tais impressões são derivadas, em todo caso, de
nossos referenciais teóricos/vivências/preconceitos, logo a partir
disso tomamos ou não determinado posicionamento frente a certas situações ou frente
a certos estereótipos.
Tendo em vista o interesse do
"Eu" no "outro", o autor, nos mostra que só depois da
percepção é que avaliamos o nosso interesse no outro, ou seja, por um primeiro
contato por meio dos sentidos pelos quais se percebe a presença do outro e,
depois, fazemos uma avaliação/consulta mais voltada à nossos preconceitos,
valores, estereótipos e atitudes. Assim somos tomados por uma série de visões
do outro, sem nem mesmo o conhecermos de maneira mais próxima. Temos no texto
um exemplo bem oportuno sobre como "nosso julgamento errôneo de imediato
em certas ocasiões" é refreado por um psicólogo social. O exemplo é o do psicólogo
social que age dentro dos tribunais, trabalhando junto ao júri para que
mantenham o foco no que de fato está sendo julgado, para que eles se atentem ao
processo em curso, deixando de lado, em alguma parcela, seus "preconceitos”,
para melhor realizarem suas funções como jurados/as.
Tal exemplo mostra a função do psicólogo social frente a
situações, onde a maioria envolvida, com o caso do exemplo acima, estaria, a
meu ver, facilmente envolvida por estereótipos e sujeitas a manipulações. Sendo
assim, incorreríamos facilmente em erros de julgamento, por observar
apenas características inerentes à nossa própria vivência/ tendências de
aprendizagem, sem de fato, conhecer o outro, mas é claro, todos somos passíveis
de erros. Outro importante adento quanto à composição desse capitulo é sua
divisão. O autor sempre nos dá um exemplo pertinente a cada caso que
enumera, como exemplo temos o que mencionei acima, tais exemplos são dados com
de promover ao leitor uma maneira mais pratica de perceber as relações sociais
nas quais estão imersas todos os dias, bem como as diferentes conotações
interpretativas as quais estão sujeitas.
Por tanto, nas mais variadas situações, que envolvem, por
exemplo, poder e autoridade, como bem mostra o texto, no capitulo 3: Como influenciamos as pessoas ou somos por
elas influenciados? Podemos lidar com a mesma situação de
maneira muito variada, a fim de resolver algo/alguma coisa ou simplesmente
mostrar autoridade em dada situação, influenciando outras pessoas para dobra-las
à nossa causa/vontade. Nessa parte do texto são abordados diferentes meios
pelos quais conseguir determinado tipo de comportamento do outro. Aqui o texto
dialoga com John French e Bertham Raven, estudiosos dos fenômenos de influência
social e a partir dai explica as bases do poder social e sua materialização na
vida prática. Os exemplos e situações são variados, mas para melhor ilustrar
essa parte do texto, farei uso do mesmo exemplo que se encontra no mesmo:
Alguém (pai ou mãe) tenta coagir o filho a tomar seu remédio, mas a criança se
recusa. Sendo assim o autor mostra uma variedade de bases de poder pelas quais
os pais poderiam se impor, são elas: poder de recompensa, poder de coerção,
poder de referência, poder de informação, poder legitimo e poder de
conhecimento. Na mesma situação todos eles cabem, sendo o poder de informação,
no caso apresentado no texto, o vencedor, pois apresentaram à criança a
verdadeira causa da medicação e que se não se medicasse
teria consequências futuras, ganhando assim a querela. Essa foi uma das
maneiras de coerção encontradas para mostrar poder, dentre tantas outras. Uma
destas formas seria a persuasão, que também é mostrada no capitulo, entretanto
o exemplo dado para que melhor vejamos isso no nosso dia a dia é possível
mediante minuciosa analise do indivíduo/alvo a ser abordado, creio que
tais meios persuasivos não sejam sempre possíveis, pelo menos não em curto
prazo, em todo caso o fato é que para persuadir é necessário conhecer
o outro em algum grau. Todavia os princípios que norteiam a interação social
demandam certa responsabilidade por parte de quem os opera, não só
os psicólogos sociais, pois podem induzir outros a um mal maior ou a
um bem, como alerta o autor no final do capitulo, mas com probidade e
diligência.
O capitulo 4: Atitudes
sociais: nossos sentimentos pró e contra objetos sociais. Nessa parte o
autor mostra as atitudes como um dos campos mais estudados pela psicologia,
sendo nosso posicionamento social, variado, em relação a objetos sociais. Ou
seja, possuímos atitudes definidas ou não em relação a algo ou alguma.
Entretanto o conceito de atitude ainda é muito vago e contém muitas
versões. Mas existe um consenso, mais abrangente entre os pesquisadores, quando
lidam com atitude, seriam três elementos: componentes afetivos, que consistem
em sentimentos pró ou contra algo/ alguma coisa – Um componente cognitivo, que
se refere aos pensamentos que a pessoa tem em relação ao objeto – E um
componente comportamental, que é a prontidão para responder, para comportar- se
de determinada forma em relação a esse objeto. Os exemplos são bem claros
quanto a suas propostas, se avaliarmos a nossa vida dia a dia, bem como, nossa
interação relacional e nossas atitudes a tais componentes, assim tendemos ao equilíbrio
e a harmonia, mesmo e situações de eminente discórdia.
Mesmo sem uma unanimidade a respeito do conceito de atitude,
os pesquisadores apontam a mudança da mesma em alguns casos, essa mudança de
atitude, é um dos tópicos deste capitulo, onde as contribuições clássicas dos
professores da Universidade de Yale (Hovland, Janis e Kelley) são apontadas
para explicar tal fenômeno de mudança comportamental. Dentro do modelo teórico
empiricamente confirmado por tais pesquisadores alguns fatores contam muito
para tal mudança de comportamento mediante persuasão, são eles: Credibilidade
dos argumentos persuasivos – ordem de apresentação dos argumentos – argumentação
unilateral e bilateral – apresentação ou omissão do objetivo da persuasão – quantidade
de mudança tentada e natureza emocional ou racial da comunicação. A partir dai
os psicólogos sociais podem medir as atitudes sócias em escalas ou mesmo se
elas deram certo em algum grau, bem como se as mudanças de determinado
indivíduo de fato ocorreram.
No capitulo 8: Por que
somos agressivos e quando podemos ajudamos os outros? O capitulo, assim
como os anteriores, tem inicio com exemplos ilustrativos de situações corriqueiras
na vida de qualquer pessoa. O primeiro é o diálogo entre duas mulheres onde uma
relata que não gostou do modo hostil como uma terceira pessoa tratou outra, mas
assim que ouviu isso a segunda mulher defendeu o ponto de vista e os motivos
pelos quais a terceira foi agressiva, alegando que a agressora verbal teve “bons
motivos” para tanto. E o segundo exemplo é de outro diálogo envolvendo duas
pessoas, que observam um homem caído na rua e se questionam a respeito do
porque as outras pessoas não o ajudam, ainda assim as pessoas que se
questionaram não o ajudaram também. Observa o autor que o primeiro diálogo
mostra fenômenos psicossociais importantes: a capacidade de agredir e a
capacidade de difundir responsabilidade quando estamos em grupo. Tendo em vista
que, seguindo uma definição aceitável do termo agressão, como aponta o autor: “podemos
dizer que agressão é qualquer comportamento cuja finalidade é causar dano a
outrem”. Um dos apontamentos mais importantes desse capítulo é o interesse da
psicologia social pelo estudo do que se chama de “crimes de obediência”,
fazendo menção ao capitulo 3, temos aqui o poder legitimo sendo exercido. Isso
pode ser observado no excelente exemplo dado no texto pelo por Stanley Milgram,
psicólogo da Universidade de Harvard, em sua experiência com cheques, ou seja,
ele mostrou que a maioria das pessoas poderia dar choques de mais de 400 volts
em outras pessoas, desde que, fossem destituídas ou isentadas de quaisquer responsabilidades,
além de serem investidas de autoridade por parte de seus superiores, logo temos
o poder legitimo em ação. Assim mesmo conclui o autor, não existe apenas uma
única variável que contemple a abrangência da agressão, mas sim um conjunto de
fatores e circunstâncias para que ela ocorra ou não. Feito esse emaranhado de
situações e exemplos para mostrar o quão complexas tem se mostrado as
interações sócias, as formas como nos conhecemos, nossos preconceitos,
referencial teórico, associações, razões ou a falta delas para agir de
determinada forma e formas de persuasão temos um complexo campo mutável de estudo
social. O texto esboça as possibilidades de um calculo proporcional muito bem
montado, mediante as situações dos agentes sociais e do meio onde vivem e
convivem com outros. A s entrelinhas ou inferências
textuais nos permitem pensar a possibilidade da troca de lugar na sociedade,
como de fato ocorre todo dia, ou seja, quando nós somos o “EU” e quando somos o
“OUTRO”, podendo assim figurar socialmente em ambos os papéis, mesmo sem nos
dar conta, sentindo os efeitos das distinções e situações apontadas no texto.
Para melhor ilustrar a mente dos curiosos, que por ventura vierem a ler esse
pequeno rascunho sobre “os capítulos acima mencionados”, proponho a leitura da
obra de TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1983. 258 p. Nessa obra podemos identificar
facilmente alguns dos meios de poder discutidos no inicio do texto apresentado.
Pois o livro de Todorov traz um estudo embasado na semiótica, “teoria geral da
linguagem e dos signos”, oferecendo outra possibilidade interpretativa para o
domínio espanhol sobre os nativos “americanos”, como os mesmos foram ou não
influenciados ou compelidos a crer em certas coisas e situações, ou seja,
dobrados a vontade de outros, mediante antecipação de alguns conquistadores espanhóis
na interpretação da cultura do outro. Tal obra vai ao encontro do
capítulo 3 e a variedade de bases de poder pelas quais impõe- se algo/alguma
coisa a alguém, são elas: poder de recompensa, poder de coerção, poder de
referência, poder de informação, poder legitimo e poder de conhecimento. Como
apresentadas anteriormente.
Segue o link do YouTube com
Experiência da Obediência de Stanley Milgram e o "Stanford Prison Experiment part 1"
Obrigado pela paciência e até o próximo rascunho.