sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Cain, S. (2012) O poder dos quietos. Rio de Janeiro: Agir.

Susan Cain - O poder dos quietosSusan Cain - O poder dos quietos.
            Hoje falarei de algumas partes do livro acima mencionado. Livro esse de fácil e agradável leitura, pois a autora fala de forma clara e direta, por meio, muita vezes, de exemplos pessoais. Essa forma de narrar acaba por nos prender e nos identificar com seu texto.
            Logo na introdução: o norte e o sul do temperamento, a autora dá como exemplo um dos marcos mais emblemáticos dos movimentos civis nos Estados Unidos da América, o exemplo de Rosa Parks,uma mulher negra, em janeiro de 1955, quando se recusa a dar assento a um homem branco no onibus Rosa Parks foi presa. Julgada por atentado a ordem pública o que desencadeou um gigantesco boicote aos onibus que durou 381 dias, além do apoio de mais de cinco mil pessoas na Associação para o Desenvolvimento de Montgomery, que promoveu o protesto a favor de Rosa Parks na Igreja batista de Hold Street, parte pobre da cidade. Mas do lado de fora da igreja ainda tinham muitas pessoas ouvindo o reverendo Martin Luther King Jr. que falou a multidão de forma empolgante, elogiando a coragem de Rosa. Presa devido às leis da época que diziam que uma pessoa negra deveria ceder assento a um branco quando "solicitado" nos onibus. Esse primeiro exemplo é muito rico para a análise que se desenvolve a partir dele e, mostra que uma pessoa dita "sossegada e quieta" ao lado de outra de fala eloquente e extrovertida, juntas num mesmo movimento ou momento. A autora fala que mesmo uma pessoa quieta pode desencadear um movimento tão forte, com a ajuda de um grande orador e, mostra também a situação inversa, onde o grande orador precisou desta pessoa introvertida, ou seja, elas se complementaram.
            Susan Cain, chama atenção para ao adjetivos empregados na descrição de Rosa Parks, tanto em sua alto biografia, quanto em outros documentos. Cain se questiona sobre o fato de uma pessoas ser ao mesmo tempo tímida e corajosa, ou "uma força silenciosa". Bem, essa introdução sobre o tipo de pessoa "quieta" que foi Rosa Park, serve de introdução para a autora falar daquilo que em sua obra são os pontos altos da personalidade humana: introversão e extroversão. Como visto no titulo da obra os ditos quietos receberam grande atenção e são o maior, mas não o único, objeto de estudo da autora. As pessoas ditas quietas são analisadas em sua narrativa sob um olhar de: pessoas que conquistam ou conquistaram coisas não "apesar de", mas por "causa de" sua introversão. O tempo presente se ganha vida no seu texto quando desenha um retrato da sociedade atual que supervaloriza, segundo seu livro, pessoas tidas como extrovertidas, deixando ou relegando as demais introvertidas, ou forçando-as à mudanças abruptas. Tais mudanças dar-se- iam por exemplo por meio de programas televisivos onde certos tipos estereotipados como extrovertidos são representados em grande parte da parte dos programas de grandes emissoras. Outro adendo muito bem observado pela autora é o estimulo dessa introversão nas escolas e no trabalho, de forma geral a principio, sendo que no primeiro caso seriam os extrovertidos estudantes tidos como ideais e no segundo teríamos trabalhadores ideais. Todavia a autora vai mostrando que esses argumentos são falhos e excludentes, segundo seu obra mostra, pessoas tidas como introvertidas cooperam com o todo à sua maneira e tempo, mas vivem num mundo onde é cada vez mais perceptível "o ideal de extroversão". Para dar maior ênfase a trabalho a autora se apóia nos tipos psicológicos estabelecidos na obra: tipos psicológicos, do psicoterapeuta e psiquiatra suíço Carl Jung. Jung popularizou os termos "introvertido e extrovertido", como pilares centrais da personalidade. Outro ponto defendido pela autora é o de que Introversão é diferente de timidez, sendo assim, uma pessoa introvertida não é necessariamente tímida. Essa relação pode ser explicada da seguinte maneira: "Timidez é o medo da desaprovação social e da humilhação, enquanto a introversão é a preferência por ambientes que não sejam estimulantes demais", a autora nos dá um montante de nomes de pessoas de grande destaque social em diversas áreas do conhecimento que eram introvertidas, pelo menos não totalmente, ou como, falou Jung: não eram pessoas sem extremos de introversão e extroversão. E segundo a autora essas pessoas tem o melhor dos dois mundos, essas pessoas são chamadas na obra de pessoas ambivalente!
            Como é ser introvertido dentro de um/a mundo/sociedade onde a colaboração  tornou-se um conceito quase sagrado, principalmente depois do advento da internet e dos modelos de trabalho corporativo ? Essa é uma das questões propostas em meio a tantas outras no texto, que se alternam mostrando- nos de forma ampla e variada, os aspectos onde extroversão e introversão encaixando-se em nossas vidas. Um bom exemplo no texto de como o excesso de estimulo pode atrapalhar são os modelos de escritório aberto, mostrados e debatidos no texto como sendo o modelo preferido de grandes empresas para melhor "estimular" sue empregados a produzir, tendo por vezes o efeito contrario. Todavia, passamos a valorizar de forma demasiada o poder da colaboração ou trabalho em grupo em vez do trabalho individual. Sendo assim a autora nos mostra que devemos mesclar nossas interações, criando ambientes/cenários onde as possamos nos sentir livres para circular, um caso que se aplicaria bem às grandes empresas.
            Na seqüência de sua narrativa a autora dá mais exemplos pessoais , questionando-se a respeito do advento do temperamento, ou seja, seria o temperamento determinado pelo destino? E essa parte mostra-nos, uma vez mais, que essa é uma obra pessoal. Para apoiar o capitulo a autora apoiou-se em Jerome Kegan, especialista em psicologia do desenvolvimento, onde temos: natureza versus criação no trabalho de J. Kegan. Esse autor trabalhou os padrões  comportamentais emocionais mesmo em lactantes jovens, para saber sua classificação dentro de inibidos ou não. Outros temas, como dito anteriormente, foram levantados no texto, tais como: As origens biológicas do comportamento humano e se as características são  condicionadas ou não?. A autora mostra que os estudos sobre seu tem não são deterministas ou conclusivos, mas ajudam a compreender um pouco mais a introversão e extroversão, assim como outros importantes traços da personalidade como a amabilidade e a consciência.
            Bem, a obra é muito bem escrita e gostei da abordagem que se deu para tratar de introversão e extroversão, principalmente porque a autora é muito corajosa ao se expor, deixarei alguns vídeos onde a autora fala de seu livro de forma muito riqueza em detalhes, mostrando- nos toda a obra. Além de outros vídeos com a participação do Professor J. Kagan. E para finalizar meu texto, gostaria que assistissem à palestra que deixarei a respeito da obra, para que melhor possam interagir com a mesma, pois ela deixa bem clara que não se explica mais as coisas, introversão e extroversão, com indicações extremas e precisas de cada individuo. Avalia ainda a autora que, ainda, existem aqueles com o melhor dos dois mundos. Ou seja, pessoas não tem em si um "pureza", mas sim misturas que talvez não se meça de forma tão precisa como se pretende hoje em dia.
Seguindo o fim da palestra da autora deixo aqui uma parte de sua fala:
1° Não trabalhe em grupo com tanta frequência, procure suas próprias idéias.
2° Seja mais introspectivo.
3° Olhe para sua bagagem de vida e vejam o que carregam.

sábado, 25 de outubro de 2014

FREUD, Sigmund. (1917 [1915]). Luto e melancolia. In: FREUD, Sigmund. Obras Completas. v. 14. Rio de Janeiro: imago Editora, 1969.

FREUD, Sigmund. (1917 [1915]). Luto e melancolia. In: FREUD, Sigmund. Obras Completas. v. 14. Rio de Janeiro: imago Editora, 1969.

           
            Hoje tenho a difícil e grata missão de fazer a exposição do texto acima mencionado. Digo grata missão porque trabalhamos aqui com alguém que se atreveu a pensar, literalmente, fora dos padrões médicos de sua época, além de sido alguém aberto a interdisciplinaridade, tendo trabalhado fora da margem social à época de tal pesquisa e sem medo de se expor. O texto em si apresenta uma linguagem muito técnica o que pode dificultar a leitura do mesmo em parte, todavia a mão do autor também ajuda na compreensão da redação, pois descreve todas as situações com muito exemplos, que por vezes tornam enfadonha a leitura. Chamo atenção dos leitores para o tempo verbal da redação de Freud e seus exemplos delongados do estudo, pois podemos incorrer em anacronismo se esquecermos que a obra trata de uma nova forma de avaliar e investigar o homem e carece ou careceu à época de grande detalhamento. Outro ponto importante é o tempo verbal, pois é um texto sempre "presente" e em muitas passagens, ou em todo o texto, somos puxados e, não convidados, a fazer uma introspecção sobre o "eu" ou sobre alguém conhecido, aplicando os pontos elaborados no texto.
            Concluída essa pequena introdução passemos ao texto, onde tentarei ser sucinto, sem diminuir o texto, afim de mostrar os principais pontos do mesmo. O ponto de partida para Luto e melancolia foi o esforço de sair ou transcender de uma leitura estritamente médica para algo novo. Tal novidade pode ser compreendida como Linguagens ou conceitos que não encontramos no corpo ou na mente das pessoas, todavia pode- se trabalhar nesse texto com a limitação/extensão para entender a discrepância entre luto e melancolia.  O trabalho apresentado no texto foi o de tentar entender a temática da qual provém o luto e a melancolia, todavia, informa o inicio do texto que: "Melancolia tem um conceito oscilante. Uma síntese não parece segura em tão pouco espaço de tempo e páginas, contudo o material analisado limitou-se a um pequeno número de casos, cuja a natureza psícogena é indubitável". E já adiantando o final da redação, diz o autor: "A profundidade dos problemas psíquicos nos obriga a interromper sem concluir cada investigação, até que os resultados de outra possam vir em seu auxílio". Bem, fiz logo essa ressalva porque tenho certeza de que não é o fim do texto que nos interessa, por assim dizer, mas os meios de observação da pesquisa, seu contexto e a abordagem extra convencional.
            Feita essa ressalva o autor apresenta a definição de luto, suas relações com o objeto de amor perdido e a formo como nos relacionamos com esse luto e o entendemos. Dentro do escrito luto é a reação a perda de uma pessoa querida ou de uma abstração que esteja no lugar dela, como pátria, liberdade, ideal etc. Ao passo que a melancolia caracterizar-se- ia por: "um desânimo profundamente doloroso, uma suspensão do interesse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar, inibição de toda atividade e um rebaixamento do sentimento de toda autoestima, que se expressa em auto-recriminarão e autoinsultos, chegando até a expectativa delirante de punição". Luto se difere de Melancolia, em primeira instância, penas por uma detalhe a melancolia carrega em si perturbações de auto estima, digo em primeira porque ao longo do texto outras formas de distinção aparecem. Como mencionado acima, buscou-se esclarecer a melancolia na sua essência comparando-a com o afeto normal luto. E dentro desta ótica o luto esbarra na dificuldade do homem em abandonar o libido pelo objeto, lembrando que tal libido se apresenta nos homens de várias formas. O objeto amado perdido é motivo de luto, entretanto, com o tempo o normal é que vença a realidade da perca física do objeto, bem pouco a pouco o homem conclui o seu luto e o libido é liberado para ser investido novamente em outro objeto.
            A partir dai o autor nos convida à aplicar a visão/o que sabemos, até então, sobre luto afim de termos uma comparação com a melancolia. Sendo assim apresentam-se alguns paralelos: o primeiro é que constata- se que melancolia pode advir da perca do objeto amado, entretanto, esse objeto pode ser uma perca mais "ideal que física", ou seja, não está morto, só deixou de ser ideal e se perdeu como objeto. Aqui nesse ponto o autor mostra uma analogia mais simplificada, digamos assim: O luto e a melancolia estabelecer-se- iam nas mesmas vias de regra, entretanto a melancolia não retira o libido do objeto e o deposita em outro. O autor fala que o melancólico segue outro caminho ou caminhos. Outra característica melancólica é o rebaixamento de alto estima... No luto o mundo se tornou pobre e vazio; na melancolia o próprio ego tornou- se assim. Tudo isso para mostrar  que o luto opera com percas de algo, em minhas palavras, mais palpável e concreto e a melancolia trabalha com objetos mais idealizados que palpáveis por assim dizer.
            Sem querer reduzir o texto, mas é necessário para facilitar a leitura de quem ainda não teve contato com o texto integral, que eu faça aqui uma distinção um pouco grosseira com está feita logo acima: onde o luto opera entre algo deverás perdido e que o homem aceita, numa situação tida como normal, pouco a pouco a perca do objeto amado, colocando em outro local seu libido. E a relação estabelecida no texto entre a melancolia e o ego é muito rica, pois o ego, a meu ver, aparece como algo a ser constantemente alimentado pelo objeto idealizado, porém a melancolia pode surgir se tal alimentação não for propiciada ou se de forma abrupta o objeto "idealizado" pelo ego do individuo deixar de existir, em algum sentido ou grau. Ou seja, o objeto do melancólico pode ainda existir no mundo físico, mas não corresponder mais a ele , se é que um dia correspondeu.
            E para finalizar, gostaria de dizer que este é meu primeiro contato com um texto deste autor e foi uma leitura difícil e ainda é. Chamo mais uma vez sua atenção para a exposição de Freud nesse trabalho numa num local de fala regido pela medicina e seus remédios. É nesse cenário que desenvolve seus estudos, no limiar da sociedade do século XIX e inicio do século XX, ele aponta para outra direção que não é conhecida nem perceptível aos métodos convencionais de tratamento medicinal. E esse discurso reflete no  presente, onde o "eu" é confrontado pela nova perspectiva e direcionamento do texto e mostram: os limites sociais - os fármacos não curam tudo - Um homem interdisciplinar e que se atreveu a pensar diferente, onde a proporção ganha, me parece, nova dimensão, ela foge ao convencional e perpassa a sociedade e sua tênue linha de explicações médicas, para estudos do inconsciente e, por isso foi que eu disse no inicio do texto que o tempo verbal do texto nos é muito precioso.

 Obrigado pela companhia.


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sentido para que te quero?! Um sentido para o tato.

 Bom dia pessoal.

Como pedido pela disciplina publicarei dois textos hoje, respectivamente os textos 4 e 5 do nosso programa/ementa. O primeiro é: O novo sentido do tato – Sistema de aplicação de pontos de pressão na pele transmite informações como “céu” e “chão” para pilotos desorientados e no futuro poderá ajudar a substituir outros sentidos deficientes como audição e visão. Schrope, M. (2001). "Simply sensational", New Scientist, 2 de Junho, 30-33.
O texto é produzido, grosso modo, em forma de divulgação, o que ajuda o público leigo ou não a ficar a par das pesquisas e experimentos sobre o tato e suas possibilidades sensoriais. No caso, um estudo mais aprofundado sobre o tato e suas aplicações, digamos, mais práticas. Como nos casos mostrados no texto, na indústria automobilística e na aviação, pois em ambos os casos temos pesquisas em andamento para aprimorar o uso desse sentido em carros, evitando acidentes/colisões e nos voos, pois embasado na percepção tátil, ou seja, na quantidade de informações que se obtêm através do tato. Os pesquisadores produziram uns macacões táteis de pilotagem, que transmite ao piloto reações mais imediatas quanto: altura/localização terra ar da aeronave, quando esses, os pilotos, são “enganados” pela visão, sentido do qual mais se valem, num voo mais prolongado, como por exemplo, um voo sobre a água, onde muitas vezes não conseguem distinguir o céu e o mar.
Senso assim, a função de orientação do tato, como no caso dos experimentos do “coelho cutâneo” de Frank Geldard e Carl Sherrick, que abrem o texto ganha nova aplicação. Ao interpretar os sinais do experimento, a aplicação e a recepção percebida pelo antebraço, notou-se certa discrepância, pois os impulsos cobriram uma área bem maior, segundo os pesquisadores mostraram. As possibilidades táteis são lembradas no texto com um simples exemplo: “Quando tentamos matar um mosquito em nosso corpo sem olhar em sua direção, utilizamos apenas a sensação tátil para nos direcionar a ele, assim localizamos o ponto onde ele está para acertá- ló”.  A partir dai o autor começa a explorar as possibilidades de um sentido tão pouco estudado como o tato. Fica ou paira no texto uma crítica um pouco velada sobre a falta de mais pesquisas a respeito do tato e a demanda e consumismo guiadas pelo “utilitarismo acadêmico” de outros sentidos. Ou seja, a produção em massa de pesquisas sobre audição e visão para atender uma “demanda” pré-fabricada, em alguns casos e digo critica velada, pois são poucas páginas e o autor mais divulga seu trabalho do que faz críticas diretas à academia. Entretanto, o autor não faz críticas em sentido pejorativo à produção acadêmica de quem se dedica ao estudo dos outros sentidos, que isso fique bem claro aqui, todavia critica a restrição das pesquisas, dentro e fora dos meios acadêmicos e faz oposição a uma visão estritamente utilitarista no nosso dia a dia.

O segundo texto
Intitulado: A patologia do tédio. De W. H. Brexton. Segundo informa o próprio texto o estimulo repetido tende a perca de resposta, a não ser que tal resposta seja forçada ou condicionada por recompensa ou punição. Para melhor exemplificar lhes darei um exemplo pessoal, o meu! Estou a horas fazendo a mesma coisa, digitando para concluir meus trabalhos, confesso que estou cansado de tanto digitar, mas meu estimulo está embasado no que diz o texto, ou seja, recompensa, no caso a avaliação do meu texto e com alguma sorte uma nota descente e esse é o estimulo/condicionante positivo. Já o condicionante negativo que seria uma punição é a falta da minha nota, ou seja, por isso estou trabalhando cansado fazendo o trabalho repetindo o processo de digitação. Isso seria uma equação simples: estimulo repetido (recompensa ou punição) + perca de resposta = nota ou falta dela.
Pois bem, o autor mostra que tendemos a evitar o estado de monotonia, como mostra num experimento com o rato no labirinto. O rato sempre encontra seu alimento por meio de caminhos diferentes no labirinto ou ao pelo menos tenta fazer isso, foi o que disseram os pesquisadores. Os pesquisadores notaram que em funções repetidas de forma mecânica por tempo prolongado a queda produtiva e de percepção foi eminente. E logo o autor revela que o objetivo geral da pesquisa era a obtenção de informações sobre as reações de seres humanos em situações onde não acontecesse “absolutamente” nada. Sendo assim, o titulo do texto é autoexplicativo na medida em que a polissemia da palavra patologia vai ao encontro da investigação cientifica sobre o tédio. A partir desse ponto os pesquisadores descreve a estrutura do experimento: disseram os pesquisadores que não tentaram remover todos os estímulos sensoriais dos indivíduos testados, mas sim remover a estimulação padronizada perceptual, na medida em que fosse possível.

(VER IMAGEM). O resultado disso foi um quadro de todos os tipos de perturbações sensoriais possíveis aos olhos dos pesquisadores: “paranoias com o sobrenatural e a visão dos fantasmas”, após longo tempo de “total isolamento”, foram apenas alguns dos efeitos do experimento. No inicio dos trabalhos, antes do confinamento, alguns dos isolados tentaram focar sua mente em seu trabalho, ou tentaram não pensar absolutamente em nada, como ocorreu no inicio do isolamento, mas com o passar do primeiro dia os resultados foram, digamos além das expectativas. Os pesquisadores se surpreenderam com os resultados de seus experimentos, visões e paranoias surgiram à revelia da pesquisa, digo à revelia, pois a surpresa dos pesquisadores parece ter falado por si só ao ver o resultado da falta de interação e isolamento.
Um adendo ou uma nota mental minha, pois me permito esses desvios nesse texto a fim de interagir com o mesmo, eu digo, que de fato, até agora tal pesquisa só me mostrou que a monotonia e o tédio, por tempo prolongado, somados ao isolamento sensorial, só faz “mal” aos homens. A leitura dos experimentos e dos resultados me faz pensar se teríamos a capacidade de ficar em total abstração, mesmo induzida como no caso das experiências, pois os observados ter visões e, me parece, pela narração dos acontecimentos, terem tomado aquilo como sua realidade, na ausência da que lhe foi privada, ou seja, tátil, visual e auditiva. Tendo em vista os resultados surpreendentes que se mostraram com os pesquisados parece ser a incerteza a única certeza em relação ao ocorrido na mente dos testados, se observarmos o antes e o depois dos testados e o quadro de lentidão e desorientação, em todos os “sentidos” possíveis.

Para os mais curiosos disponibilizarei links de artigos do Professor Doutor Miguel Nicolelis e algumas entrevistas do mesmo, a respeito das pesquisas táteis que vem desenvolvendo com seus parceiros ao redor do mundo, e principalmente no Instituto Internacional de Neurociências de Natal-RN (IINN). Seu trabalho tem muito do discutido nos textos, principalmente no primeiro, onde se busca maior compreensão do tato para suas aplicações futuras. Um dos artigos fala sobre os sensores táteis desenvolvidos para dar "tal sentido" a pessoas amputados, bem não falarei mais para não viciar a leitura de vocês, mas leiam os artigos, são esclarecedores. Até o próximo rascunho. Obrigado pela paciência.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

ROSE, Steven P. R. O cérebro do século XXI: como entender, manipular e desenvolver a mente. São Paulo: Globo, 2006. 371 p. Utilizamos alguns textos desse bom livro, mas falarei em especial do capitulo 10 (dez), chamado Modulação da mente: conserto ou manipulação?

Boa noite.
Escrevo sobre o terceiro texto da nossa disciplina, extraído do livro: ROSE, Steven P. R. O cérebro do século XXI: como entender, manipular e desenvolver a mente. São Paulo: Globo, 2006. 371 p. Utilizamos alguns textos desse bom livro, mas falarei em especial do capitulo 10 (dez), chamado Modulação da mente: conserto ou manipulação?
O autor abre o texto com questionamentos a respeito de biotecnologias novas/ descobertas e pesquisadores animados com tal “fenômeno”, mas chama a atenção para a aplicação mais concisa para o interesse social de tais descobertas. Sendo assim, o texto não é um levante contra a produção técnica científica ou acadêmica, mas é uma tentativa de reflexão sobre a relação entre o conhecimento produzido nas academias e como os utilizamos e divulgamos. Além do mais o autor faz um paralelo entre uma indústria que explora uma sociedade que pouco ou nada se questiona sobre a real fundamentação da produção de certos “itens” que a mesma consome sem um estudo teórico mais abrangente. Como exemplo, temos no capítulo uma boa discussão a respeito das chamadas “drogas espertas” onde se busca o aumento cognitivo a partir de uma série de “melhoras artificiais”, tais buscas envolvem a cura do mal de Alzheimer, mas sem levar em conta que esse é um processo do envelhecimento, pelo menos sem levar em conta da forma como se deveria levar. Trata-se, portanto, de uma sociedade que criou uma demanda  por tais métodos “super humanos” nos processos de cognição, como uma busca por uma super memória aos 80 anos, mas esquecendo que isso também faz parte da vida. A concorrência desenfreada dos dias atuais parece fomentar tais mercados produtores de intensificadores de cognição, devido à cobrança interativa cada vez mais severa da vida em sociedade, uma intensificação da memória ou mesmo outros sentidos nos são cobrados dia a dia e, às vezes, de forma individual, sem se pensar muito, no coletivo ou nos fatores que iniciam tal corrida em busca de “melhorias” deixamos de lado a teoria, que é outra reclamação, digamos assim, dentro do texto. Mesmo nos métodos de produção de tais desenvolvedores/ melhoradores de cognição, como exemplo voltamos aos testes em animais, para o caso do mal de Alzheimer, que são testados e desenvolvidos de forma parcial e pouco efetiva, como alerta o autor, sendo assim existe a instabilidade nos processos, tanto de produção quanto de consumo, mas nem assim, deixasse de consumir. Dai advêm certos questionamentos se pensarmos numa sociedade que se recusa a envelhecer. Isso me lembra da necessidade de uma sociedade mais voltada qualidade de vida e não aos milagres "futuros" da medicina. A tênue linha entre corrigir deficiências e melhorar a "normalidade", mas creio que já tenhamos passado essa linha, ou simplesmente a ignoramos socialmente, num meio onde o “normal” não é mais suficiente ou aceitável em certos padrões tiramos os problemas do social e os colocamos no indivíduo. Esse exemplo é mais bem explorado no caso do assim chamado déficit de atenção Identificado nas crianças "incapacitadas" e o aumento da pressão para receitar a droga (ritalina), essas crianças, como colocadas no texto, vivem num mundo tecnicamente perfeito, pois é o que se toma como pré-suposto, para clinica- las. Ou seja, o problema, passível de “resolução” com a ritalina, é sempre da criança, que é inquieta, sem atenção nas aulas e incorrigível. Até que vem uma indústria oferecer uma cura mágica pouco ou nada questionável socialmente, que resolva os problemas de uma sociedade “perfeita” e olhem as aspas finais desse texto como ironia, por favor.



Até o próximo rascunho. Obrigado.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

RODRIGUES, Aroldo. Psicologia social para principiantes: Estudo da interação humana. Petrópolis: Editora Vozes Ltda., 1992. 120 p. Utilizamos apenas quatro capítulos da obra em nossa primeira aula, respectivamente os capítulos 2, 3, 4 e 8.

Boa tarde pessoal.

Escrevo sobre o primeiro texto da nossa disciplina, extraído do livro: RODRIGUES, Aroldo. Psicologia social para principiantes: Estudo da interação humana. Petrópolis: Editora Vozes Ltda., 1992. 120 p. Utilizamos apenas quatro capítulos da obra em nossa primeira aula, respectivamente os capítulos 2, 3, 4 e 8. Sendo assim, esboçarei o tema central de cada capitulo, mostrando seus principais tópicos e fundamentações.

Capitulo 2: Como conhecemos as pessoas com as quais interagimos?
O autor inicia o capitulo com um diálogo, a fim de provocar-nos com uma série de indagações sobre as possíveis causas, ou não, para uma interação social, além de mostrar como podem ser as primeiras impressões que se possa ter de alguém. Tais impressões são derivadas, em todo caso, de nossos referenciais teóricos/vivências/preconceitos, logo a partir disso tomamos ou não determinado posicionamento frente a certas situações ou frente a certos estereótipos.
            Tendo em vista o interesse do "Eu" no "outro", o autor, nos mostra que só depois da percepção é que avaliamos o nosso interesse no outro, ou seja, por um primeiro contato por meio dos sentidos pelos quais se percebe a presença do outro e, depois, fazemos uma avaliação/consulta mais voltada à nossos preconceitos, valores, estereótipos e atitudes. Assim somos tomados por uma série de visões do outro, sem nem mesmo o conhecermos de maneira mais próxima. Temos no texto um exemplo bem oportuno sobre como "nosso julgamento errôneo de imediato em certas ocasiões" é refreado por um psicólogo social. O exemplo é o do psicólogo social que age dentro dos tribunais, trabalhando junto ao júri para que mantenham o foco no que de fato está sendo julgado, para que eles se atentem ao processo em curso, deixando de lado, em alguma parcela, seus "preconceitos”, para melhor realizarem suas funções como jurados/as. 
Tal exemplo mostra a função do psicólogo social frente a situações, onde a maioria envolvida, com o caso do exemplo acima, estaria, a meu ver, facilmente envolvida por estereótipos e sujeitas a manipulações. Sendo assim, incorreríamos facilmente em erros de julgamento, por observar apenas características inerentes à nossa própria vivência/ tendências de aprendizagem, sem de fato, conhecer o outro, mas é claro, todos somos passíveis de erros. Outro importante adento quanto à composição desse capitulo é sua divisão. O autor sempre nos dá  um exemplo pertinente a cada caso que enumera, como exemplo temos o que mencionei acima, tais exemplos são dados com de promover ao leitor uma maneira mais pratica de perceber as relações sociais nas quais estão imersas todos os dias, bem como as diferentes conotações interpretativas as quais estão sujeitas. 
Por tanto, nas mais variadas situações, que envolvem, por exemplo, poder e autoridade, como bem mostra o texto, no capitulo 3:  Como influenciamos as pessoas ou somos por elas influenciados? Podemos lidar com a mesma situação de maneira muito variada, a fim de resolver algo/alguma coisa ou simplesmente mostrar autoridade em dada situação, influenciando outras pessoas para dobra-las à nossa causa/vontade. Nessa parte do texto são abordados diferentes meios pelos quais conseguir determinado tipo de comportamento do outro. Aqui o texto dialoga com John French e Bertham Raven, estudiosos dos fenômenos de influência social e a partir dai explica as bases do poder social e sua materialização na vida prática. Os exemplos e situações são variados, mas para melhor ilustrar essa parte do texto, farei uso do mesmo exemplo que se encontra no mesmo: Alguém (pai ou mãe) tenta coagir o filho a tomar seu remédio, mas a criança se recusa. Sendo assim o autor mostra uma variedade de bases de poder pelas quais os pais poderiam se impor, são elas: poder de recompensa, poder de coerção, poder de referência, poder de informação, poder legitimo e poder de conhecimento. Na mesma situação todos eles cabem, sendo o poder de informação, no caso apresentado no texto, o vencedor, pois apresentaram à criança a verdadeira causa da medicação e que se não se medicasse teria consequências futuras, ganhando assim a querela. Essa foi uma das maneiras de coerção encontradas para mostrar poder, dentre tantas outras. Uma destas formas seria a persuasão, que também é mostrada no capitulo, entretanto o exemplo dado para que melhor vejamos isso no nosso dia a dia é possível mediante minuciosa analise do indivíduo/alvo a ser abordado, creio que tais meios persuasivos não sejam sempre possíveis, pelo menos não em curto prazo, em todo caso o fato é que para persuadir é necessário conhecer o outro em algum grau. Todavia os princípios que norteiam a interação social demandam certa responsabilidade por parte de quem os opera, não só os psicólogos sociais, pois podem induzir outros a um mal maior ou a um bem, como alerta o autor no final do capitulo, mas com probidade e diligência.
O capitulo 4: Atitudes sociais: nossos sentimentos pró e contra objetos sociais. Nessa parte o autor mostra as atitudes como um dos campos mais estudados pela psicologia, sendo nosso posicionamento social, variado, em relação a objetos sociais. Ou seja, possuímos atitudes definidas ou não em relação a algo ou alguma. Entretanto o conceito de atitude ainda é muito vago e contém muitas versões. Mas existe um consenso, mais abrangente entre os pesquisadores, quando lidam com atitude, seriam três elementos: componentes afetivos, que consistem em sentimentos pró ou contra algo/ alguma coisa – Um componente cognitivo, que se refere aos pensamentos que a pessoa tem em relação ao objeto – E um componente comportamental, que é a prontidão para responder, para comportar- se de determinada forma em relação a esse objeto. Os exemplos são bem claros quanto a suas propostas, se avaliarmos a nossa vida dia a dia, bem como, nossa interação relacional e nossas atitudes a tais componentes, assim tendemos ao equilíbrio e a harmonia, mesmo e situações de eminente discórdia.
Mesmo sem uma unanimidade a respeito do conceito de atitude, os pesquisadores apontam a mudança da mesma em alguns casos, essa mudança de atitude, é um dos tópicos deste capitulo, onde as contribuições clássicas dos professores da Universidade de Yale (Hovland, Janis e Kelley) são apontadas para explicar tal fenômeno de mudança comportamental. Dentro do modelo teórico empiricamente confirmado por tais pesquisadores alguns fatores contam muito para tal mudança de comportamento mediante persuasão, são eles: Credibilidade dos argumentos persuasivos – ordem de apresentação dos argumentos – argumentação unilateral e bilateral – apresentação ou omissão do objetivo da persuasão – quantidade de mudança tentada e natureza emocional ou racial da comunicação. A partir dai os psicólogos sociais podem medir as atitudes sócias em escalas ou mesmo se elas deram certo em algum grau, bem como se as mudanças de determinado indivíduo de fato ocorreram.
No capitulo 8: Por que somos agressivos e quando podemos ajudamos os outros? O capitulo, assim como os anteriores, tem inicio com exemplos ilustrativos de situações corriqueiras na vida de qualquer pessoa. O primeiro é o diálogo entre duas mulheres onde uma relata que não gostou do modo hostil como uma terceira pessoa tratou outra, mas assim que ouviu isso a segunda mulher defendeu o ponto de vista e os motivos pelos quais a terceira foi agressiva, alegando que a agressora verbal teve “bons motivos” para tanto. E o segundo exemplo é de outro diálogo envolvendo duas pessoas, que observam um homem caído na rua e se questionam a respeito do porque as outras pessoas não o ajudam, ainda assim as pessoas que se questionaram não o ajudaram também. Observa o autor que o primeiro diálogo mostra fenômenos psicossociais importantes: a capacidade de agredir e a capacidade de difundir responsabilidade quando estamos em grupo. Tendo em vista que, seguindo uma definição aceitável do termo agressão, como aponta o autor: “podemos dizer que agressão é qualquer comportamento cuja finalidade é causar dano a outrem”. Um dos apontamentos mais importantes desse capítulo é o interesse da psicologia social pelo estudo do que se chama de “crimes de obediência”, fazendo menção ao capitulo 3, temos aqui o poder legitimo sendo exercido. Isso pode ser observado no excelente exemplo dado no texto pelo por Stanley Milgram, psicólogo da Universidade de Harvard, em sua experiência com cheques, ou seja, ele mostrou que a maioria das pessoas poderia dar choques de mais de 400 volts em outras pessoas, desde que, fossem destituídas ou isentadas de quaisquer responsabilidades, além de serem investidas de autoridade por parte de seus superiores, logo temos o poder legitimo em ação. Assim mesmo conclui o autor, não existe apenas uma única variável que contemple a abrangência da agressão, mas sim um conjunto de fatores e circunstâncias para que ela ocorra ou não. Feito esse emaranhado de situações e exemplos para mostrar o quão complexas tem se mostrado as interações sócias, as formas como nos conhecemos, nossos preconceitos, referencial teórico, associações, razões ou a falta delas para agir de determinada forma e formas de persuasão temos um complexo campo mutável de estudo social. O texto esboça as possibilidades de um calculo proporcional muito bem montado, mediante as situações dos agentes sociais e do meio onde vivem e convivem com outros.  A s entrelinhas ou inferências textuais nos permitem pensar a possibilidade da troca de lugar na sociedade, como de fato ocorre todo dia, ou seja, quando nós somos o “EU” e quando somos o “OUTRO”, podendo assim figurar socialmente em ambos os papéis, mesmo sem nos dar conta, sentindo os efeitos das distinções e situações apontadas no texto. Para melhor ilustrar a mente dos curiosos, que por ventura vierem a ler esse pequeno rascunho sobre “os capítulos acima mencionados”, proponho a leitura da obra de TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1983. 258 p. Nessa obra podemos identificar facilmente alguns dos meios de poder discutidos no inicio do texto apresentado. Pois o livro de Todorov traz um estudo embasado na semiótica, “teoria geral da linguagem e dos signos”, oferecendo outra possibilidade interpretativa para o domínio espanhol sobre os nativos “americanos”, como os mesmos foram ou não influenciados ou compelidos a crer em certas coisas e situações, ou seja, dobrados a vontade de outros, mediante antecipação de alguns conquistadores espanhóis na interpretação da cultura do outro. Tal obra vai ao encontro do capítulo 3 e a variedade de bases de poder pelas quais impõe- se algo/alguma coisa a alguém, são elas: poder de recompensa, poder de coerção, poder de referência, poder de informação, poder legitimo e poder de conhecimento. Como apresentadas anteriormente.


Segue o link do YouTube com 

Experiência da Obediência de Stanley Milgram e o "Stanford Prison Experiment part 1"




Obrigado pela paciência e até o próximo rascunho.