terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sentido para que te quero?! Um sentido para o tato.

 Bom dia pessoal.

Como pedido pela disciplina publicarei dois textos hoje, respectivamente os textos 4 e 5 do nosso programa/ementa. O primeiro é: O novo sentido do tato – Sistema de aplicação de pontos de pressão na pele transmite informações como “céu” e “chão” para pilotos desorientados e no futuro poderá ajudar a substituir outros sentidos deficientes como audição e visão. Schrope, M. (2001). "Simply sensational", New Scientist, 2 de Junho, 30-33.
O texto é produzido, grosso modo, em forma de divulgação, o que ajuda o público leigo ou não a ficar a par das pesquisas e experimentos sobre o tato e suas possibilidades sensoriais. No caso, um estudo mais aprofundado sobre o tato e suas aplicações, digamos, mais práticas. Como nos casos mostrados no texto, na indústria automobilística e na aviação, pois em ambos os casos temos pesquisas em andamento para aprimorar o uso desse sentido em carros, evitando acidentes/colisões e nos voos, pois embasado na percepção tátil, ou seja, na quantidade de informações que se obtêm através do tato. Os pesquisadores produziram uns macacões táteis de pilotagem, que transmite ao piloto reações mais imediatas quanto: altura/localização terra ar da aeronave, quando esses, os pilotos, são “enganados” pela visão, sentido do qual mais se valem, num voo mais prolongado, como por exemplo, um voo sobre a água, onde muitas vezes não conseguem distinguir o céu e o mar.
Senso assim, a função de orientação do tato, como no caso dos experimentos do “coelho cutâneo” de Frank Geldard e Carl Sherrick, que abrem o texto ganha nova aplicação. Ao interpretar os sinais do experimento, a aplicação e a recepção percebida pelo antebraço, notou-se certa discrepância, pois os impulsos cobriram uma área bem maior, segundo os pesquisadores mostraram. As possibilidades táteis são lembradas no texto com um simples exemplo: “Quando tentamos matar um mosquito em nosso corpo sem olhar em sua direção, utilizamos apenas a sensação tátil para nos direcionar a ele, assim localizamos o ponto onde ele está para acertá- ló”.  A partir dai o autor começa a explorar as possibilidades de um sentido tão pouco estudado como o tato. Fica ou paira no texto uma crítica um pouco velada sobre a falta de mais pesquisas a respeito do tato e a demanda e consumismo guiadas pelo “utilitarismo acadêmico” de outros sentidos. Ou seja, a produção em massa de pesquisas sobre audição e visão para atender uma “demanda” pré-fabricada, em alguns casos e digo critica velada, pois são poucas páginas e o autor mais divulga seu trabalho do que faz críticas diretas à academia. Entretanto, o autor não faz críticas em sentido pejorativo à produção acadêmica de quem se dedica ao estudo dos outros sentidos, que isso fique bem claro aqui, todavia critica a restrição das pesquisas, dentro e fora dos meios acadêmicos e faz oposição a uma visão estritamente utilitarista no nosso dia a dia.

O segundo texto
Intitulado: A patologia do tédio. De W. H. Brexton. Segundo informa o próprio texto o estimulo repetido tende a perca de resposta, a não ser que tal resposta seja forçada ou condicionada por recompensa ou punição. Para melhor exemplificar lhes darei um exemplo pessoal, o meu! Estou a horas fazendo a mesma coisa, digitando para concluir meus trabalhos, confesso que estou cansado de tanto digitar, mas meu estimulo está embasado no que diz o texto, ou seja, recompensa, no caso a avaliação do meu texto e com alguma sorte uma nota descente e esse é o estimulo/condicionante positivo. Já o condicionante negativo que seria uma punição é a falta da minha nota, ou seja, por isso estou trabalhando cansado fazendo o trabalho repetindo o processo de digitação. Isso seria uma equação simples: estimulo repetido (recompensa ou punição) + perca de resposta = nota ou falta dela.
Pois bem, o autor mostra que tendemos a evitar o estado de monotonia, como mostra num experimento com o rato no labirinto. O rato sempre encontra seu alimento por meio de caminhos diferentes no labirinto ou ao pelo menos tenta fazer isso, foi o que disseram os pesquisadores. Os pesquisadores notaram que em funções repetidas de forma mecânica por tempo prolongado a queda produtiva e de percepção foi eminente. E logo o autor revela que o objetivo geral da pesquisa era a obtenção de informações sobre as reações de seres humanos em situações onde não acontecesse “absolutamente” nada. Sendo assim, o titulo do texto é autoexplicativo na medida em que a polissemia da palavra patologia vai ao encontro da investigação cientifica sobre o tédio. A partir desse ponto os pesquisadores descreve a estrutura do experimento: disseram os pesquisadores que não tentaram remover todos os estímulos sensoriais dos indivíduos testados, mas sim remover a estimulação padronizada perceptual, na medida em que fosse possível.

(VER IMAGEM). O resultado disso foi um quadro de todos os tipos de perturbações sensoriais possíveis aos olhos dos pesquisadores: “paranoias com o sobrenatural e a visão dos fantasmas”, após longo tempo de “total isolamento”, foram apenas alguns dos efeitos do experimento. No inicio dos trabalhos, antes do confinamento, alguns dos isolados tentaram focar sua mente em seu trabalho, ou tentaram não pensar absolutamente em nada, como ocorreu no inicio do isolamento, mas com o passar do primeiro dia os resultados foram, digamos além das expectativas. Os pesquisadores se surpreenderam com os resultados de seus experimentos, visões e paranoias surgiram à revelia da pesquisa, digo à revelia, pois a surpresa dos pesquisadores parece ter falado por si só ao ver o resultado da falta de interação e isolamento.
Um adendo ou uma nota mental minha, pois me permito esses desvios nesse texto a fim de interagir com o mesmo, eu digo, que de fato, até agora tal pesquisa só me mostrou que a monotonia e o tédio, por tempo prolongado, somados ao isolamento sensorial, só faz “mal” aos homens. A leitura dos experimentos e dos resultados me faz pensar se teríamos a capacidade de ficar em total abstração, mesmo induzida como no caso das experiências, pois os observados ter visões e, me parece, pela narração dos acontecimentos, terem tomado aquilo como sua realidade, na ausência da que lhe foi privada, ou seja, tátil, visual e auditiva. Tendo em vista os resultados surpreendentes que se mostraram com os pesquisados parece ser a incerteza a única certeza em relação ao ocorrido na mente dos testados, se observarmos o antes e o depois dos testados e o quadro de lentidão e desorientação, em todos os “sentidos” possíveis.

Para os mais curiosos disponibilizarei links de artigos do Professor Doutor Miguel Nicolelis e algumas entrevistas do mesmo, a respeito das pesquisas táteis que vem desenvolvendo com seus parceiros ao redor do mundo, e principalmente no Instituto Internacional de Neurociências de Natal-RN (IINN). Seu trabalho tem muito do discutido nos textos, principalmente no primeiro, onde se busca maior compreensão do tato para suas aplicações futuras. Um dos artigos fala sobre os sensores táteis desenvolvidos para dar "tal sentido" a pessoas amputados, bem não falarei mais para não viciar a leitura de vocês, mas leiam os artigos, são esclarecedores. Até o próximo rascunho. Obrigado pela paciência.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

ROSE, Steven P. R. O cérebro do século XXI: como entender, manipular e desenvolver a mente. São Paulo: Globo, 2006. 371 p. Utilizamos alguns textos desse bom livro, mas falarei em especial do capitulo 10 (dez), chamado Modulação da mente: conserto ou manipulação?

Boa noite.
Escrevo sobre o terceiro texto da nossa disciplina, extraído do livro: ROSE, Steven P. R. O cérebro do século XXI: como entender, manipular e desenvolver a mente. São Paulo: Globo, 2006. 371 p. Utilizamos alguns textos desse bom livro, mas falarei em especial do capitulo 10 (dez), chamado Modulação da mente: conserto ou manipulação?
O autor abre o texto com questionamentos a respeito de biotecnologias novas/ descobertas e pesquisadores animados com tal “fenômeno”, mas chama a atenção para a aplicação mais concisa para o interesse social de tais descobertas. Sendo assim, o texto não é um levante contra a produção técnica científica ou acadêmica, mas é uma tentativa de reflexão sobre a relação entre o conhecimento produzido nas academias e como os utilizamos e divulgamos. Além do mais o autor faz um paralelo entre uma indústria que explora uma sociedade que pouco ou nada se questiona sobre a real fundamentação da produção de certos “itens” que a mesma consome sem um estudo teórico mais abrangente. Como exemplo, temos no capítulo uma boa discussão a respeito das chamadas “drogas espertas” onde se busca o aumento cognitivo a partir de uma série de “melhoras artificiais”, tais buscas envolvem a cura do mal de Alzheimer, mas sem levar em conta que esse é um processo do envelhecimento, pelo menos sem levar em conta da forma como se deveria levar. Trata-se, portanto, de uma sociedade que criou uma demanda  por tais métodos “super humanos” nos processos de cognição, como uma busca por uma super memória aos 80 anos, mas esquecendo que isso também faz parte da vida. A concorrência desenfreada dos dias atuais parece fomentar tais mercados produtores de intensificadores de cognição, devido à cobrança interativa cada vez mais severa da vida em sociedade, uma intensificação da memória ou mesmo outros sentidos nos são cobrados dia a dia e, às vezes, de forma individual, sem se pensar muito, no coletivo ou nos fatores que iniciam tal corrida em busca de “melhorias” deixamos de lado a teoria, que é outra reclamação, digamos assim, dentro do texto. Mesmo nos métodos de produção de tais desenvolvedores/ melhoradores de cognição, como exemplo voltamos aos testes em animais, para o caso do mal de Alzheimer, que são testados e desenvolvidos de forma parcial e pouco efetiva, como alerta o autor, sendo assim existe a instabilidade nos processos, tanto de produção quanto de consumo, mas nem assim, deixasse de consumir. Dai advêm certos questionamentos se pensarmos numa sociedade que se recusa a envelhecer. Isso me lembra da necessidade de uma sociedade mais voltada qualidade de vida e não aos milagres "futuros" da medicina. A tênue linha entre corrigir deficiências e melhorar a "normalidade", mas creio que já tenhamos passado essa linha, ou simplesmente a ignoramos socialmente, num meio onde o “normal” não é mais suficiente ou aceitável em certos padrões tiramos os problemas do social e os colocamos no indivíduo. Esse exemplo é mais bem explorado no caso do assim chamado déficit de atenção Identificado nas crianças "incapacitadas" e o aumento da pressão para receitar a droga (ritalina), essas crianças, como colocadas no texto, vivem num mundo tecnicamente perfeito, pois é o que se toma como pré-suposto, para clinica- las. Ou seja, o problema, passível de “resolução” com a ritalina, é sempre da criança, que é inquieta, sem atenção nas aulas e incorrigível. Até que vem uma indústria oferecer uma cura mágica pouco ou nada questionável socialmente, que resolva os problemas de uma sociedade “perfeita” e olhem as aspas finais desse texto como ironia, por favor.



Até o próximo rascunho. Obrigado.